domingo, 7 de outubro de 2007

Violência, corrupcão e fome: chagas do capitalismo


Olá internautas! Estamos iniciando o mês de outubro com grandes assuntos em pauta no cenário nacional, temas de substancial interesse público – alguns repetidos que muitos questionam se ainda podem ser considerados notícia, mas que na minha opinião dão um bom cardápio para as "rodinhas" de amigos.

Na última postagem, falamos da violência como problema grave de nossa sociedade, que não se resume apenas aos dados estatísticos da criminalidade, mas também ao colapso social e de miséria que nosso país perpetua. A violência é uma das conseqüências do modelo de sociedade que nos é imposto, somada a fome e a corrupção, suas irmãs gémeas, representam o legado de um casamento nefasto: a burguesia e o capitalismo.

Enquanto boa parte dos brasileiros não consegue se alimentar bem, que quase metade da população da região metropolitana de Belém está abaixo da linha de pobreza e que 40% da população carcerária do Pará é composta por jovens até 24 anos – que provavelmente ingressaram na vida de crimes por falta de oportunidade, o nosso "bravateiro" presidente esta preocupado em criar um ministério - sabe se lá para que! Égua, para quem era metalúrgico e viveu momentos difíceis na vida, nosso "lulinha" sabe priorizar os grandes problemas de nosso país. - Como bom brasileiro e filho da grande revolução cabana, posso tentar ajudar o presidente e seus assessores a focalizar o que realmente interessa a população – Hum... como se eles não soubessem!

Extra! BOVESPA bate recorde, presidente do BC diz que o Brasil ganhou com a estabilidade econômica e o povo passa fome!

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou para os senadores na semana passada que o Brasil demonstrou estabilidade mesmo durante a recente crise no mercado financeiro. Em audiência pública, Meirelles demonstrou que a economia brasileira esta dentro dos padrões exigidos pelo mercado e pelas instituições financeiras internacionais. Para ratificar suas afirmações, o presidente do BC utilizou os números do risco país para defender a política econômica do país. Outro fator positivo para aqueles que defendem a política econômica ultra conservadora do governo Lula é as sucessivas quebras recordes da BOVESPA (bolsa de valores de São Paulo) - notícia capaz de encher os olhos de lágrimas dos economistas mais passionais!

Não estou aqui para questionar os conhecimentos acadêmicos dos analistas de mercado, tampouco ignorar resultados que não minimizam efetivamente os graves problemas que a população vive, mas que pelo menos ajudam a não agravar ainda mais esta situação. O que me indigna é a capacidade desses profissionais de dissociar, ou melhor, de não relacionar os supostos resultados positivos a realidade do cidadão comum - será por que não é possível?

O brasileiro está cansado de ouvir das autoridades que o país esta no caminho certo, quando é que a maioria da população vai colher os frutos de uma economia estável? A resposta é curta e grossa, nunca! O capitalismo não permitirá tal feito, não é de sua natureza! A estabilidade econômica no máximo pode mascarar suas mazelas, e só! Apenas uma pequena faixa da população que pode investir no mercado financeiro e que possui capital de investimento usufrui da atual política econômica, - quem sabe no futuro um assalariado poderá tirar parte dos seus rendimentos para fazer investimento na bolsa, comprando ações, por exemplo.

Enquanto esta utopia não acontece, prefiro afirmar que essa política imperialista contribui efetivamente para números que realmente refletem a situação de nosso país, como por exemplo, a indicação da já citada pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (Usp) e Universidade federal de São Paulo (Unifesp) de que os brasileiros têm uma péssima alimentação. Salvo as especificidades, esse quadro está intimamente ligado a miséria, pois boa parte da população encontra-se abaixo da linha da pobreza – só na região metropolitana de Belém em 2005, segundo o departamento intersindical de estatísticas e estudos socioeconômicos (Dieese), essa população girava em torno de 50 % da população. Isso mesmo, metade da população da "metrópole da Amazônia" é miserável.

Desculpem novamente os profissionais da área e os simpatizantes dos números da economia brasileira, mas enquanto meus irmãos de pátria passam fome não posso soltar foguetes porque a BOVESPA bateu mais um recorde ou porque o risco país caiu - eu quero é que as duas expludam!

Corrupção: um mal diferente com a mesma origem
Assim como a violência (assunto abordado no artigo anterior) e a miséria (explanada acima), a corrupção também tem suas raízes no atual modelo de sociedade. Nosso sistema político dito democrático é perfeito para que aqueles que têm o poder econômico a seu favor, e péssimo para a maioria dos brasileiros, iludidos com jargões típicos de políticos demagogos: "vivemos num país democrático!", "o voto do pobre é igual a do rico!", “seu voto faz a diferença!”.

Nossas instituições são completamente comprometidas com as elites, pois seu poder econômico garante o financiamento das campanhas políticas, agrados em troca de favores, etc... Esses e outros fatores fazem com que a população mantenha seu total descrédito no que se refere a idoneidade de quem é eleito ou foi selecionado para representar o povo. É o que demonstra a pesquisa divulgada pela ONG Transparência Internacional, feita entre janeiro de 2006 e julho desse ano. O Brasil amarga a 72ª posição no ranking, atrás de países como a Colômbia, Cabo Verde e Senegal. - Ainda bem que a pesquisa foi encerrada em julho, senão estaríamos amargando a lanterninha do campeonato, graças a vexatória absolvição do senador Renan Calheiros e a abertura do inquérito contra os 40 “mensaleiros” (que vontade de escrever outro adjetivo, mas ainda não tenho advogado).

Outra pesquisa, dessa vez com o objetivo de mensurar o nível de confiança do brasileiro em suas instituições representativas, realizada pela Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) aponta que a câmara dos deputados e o senado federal são as instituições que menos geram confiança na população, com 83,1% e 80,7% respectivamente. Governo e oposição têm visões diferentes sobre o resultado, o primeiro afirma que o combate à corrupção tem sido mais forte por isso vem se descobrindo mais falcatruas, já a oposição afirma que o governo Lula é corrupto o que confirma o fraco desempenho do país contra a corrupção.

A única afirmação que posso fazer é que independente de quem esteja na oposição ou na situação, terá que conviver com esta chaga que não cicatriza, pois se prolifera como a metástase de um câncer e se espalha com a velocidade de uma doença endêmica. A violência, a fome e a corrupção são inerentes a nossa sociedade, o mal tem que ser cortado pela raiz! Até a próxima postagem.

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